Caçada
Chico Buarque de Holanda
Não conheço seu nome ou paradeiro
Adivinho seu rastro e cheiro
Vou armado de dentes e coragem
Vou morder sua carne selvagem
Varo a noite sem cochilar, aflito
Amanheço imitando o seu grito
Me aproximo rondando a sua toca
E ao me ver vocíª me provoca
Vocíª canta a sua agonia louca
ígua me borbulha na boca
Minha presa rugindo sua raça
Pernas se debatendo e o seu fervor
Hoje é o dia da graça
Hoje é o dia da caça e do caçador
Eu me espicho no espaço feito um gato
Pra pegar vocíª, bicho do mato
Saciar a sua avidez mestiça
Que ao me ver se encolhe e me atiça
Que num mesmo impulso me expulsa e abraça
Nossas peles grudando de suor
Hoje é o dia da graça
Hoje é o dia da caça e do caçador
De tocaia fico a espreitar a fera
Logo dou-lhe o bote certeiro
Já conheço seu dorso de gazela
Cavalo brabo montado em píªlo
Dominante, ão se desembaraça
Ofegante, é dona do seu senhor
Hoje é o dia da graça
Hoje é o dia da caça e do caçador
Share
More from Chico Buarque de Holanda
A Banda
Chico Buarque de Holanda
A Bela e a Fera
Chico Buarque de Holanda
A cidade dos artistas
Chico Buarque de Holanda
A cidade ideal
Chico Buarque de Holanda
A foto da capa
Chico Buarque de Holanda
A galinha
Chico Buarque de Holanda
A História de Lily Braun
Chico Buarque de Holanda
A mais bonita
Chico Buarque de Holanda
A moça do sonho
Chico Buarque de Holanda
A mulher de cada porto
Chico Buarque de Holanda
A noiva da cidade
Chico Buarque de Holanda
A ostra e o vento
Chico Buarque de Holanda
A permuta dos santos
Chico Buarque de Holanda
A pousada do bom barão
Chico Buarque de Holanda
A Rita
Chico Buarque de Holanda
A Rosa
Chico Buarque de Holanda
A Televisão
Chico Buarque de Holanda
A violeira
Chico Buarque de Holanda
A volta do malandro
Chico Buarque de Holanda
A voz do dono e o dono da voz
Chico Buarque de Holanda