Constru탧탣o

Elis Regina
Amou daquela vez como se fosse a ÑŠltima
Beijou sua mulher como se fosse a ÑŠltima
E cada filho seu como se fosse o ÑŠnico
E atravessou a rua com seu passo tнmido
Subiu a construзгo como se fosse mбquina
Ergueu no patamar quatro paredes sуlidas
Tijolo com tijolo num desenho mбgico
Seus olhos embotados de cimento e lбgrima
Sentou pra descansar como se fosse sбbado
Comeu feijгo com arroz como se fosse um prнncipe
Bebeu e soluзou como se fosse бufrago
Danзou e gargalhou como se ouvisse mъsica
E tropeзou no cйyou como se fosse um bкbado
E flutuou no ar como se fosse um pбssaro
E se acabou no chгo feito um pacote flбcido
E agonizou no meio do passeio pÑŠblico
Morreu na contramгo atrapalhando o trбfego