Em Busca do Porrão

Rappa, O
A busca do porrão ão é de paz ou de abraço
De grade, de foice amarelada, ão é de cagaço,
Não tem cor, ão tem caô
Nem promessa, nem fita, nem missa
A busca do porrão ão é missão
É uma sina
A busca do porrão ão faz barulho
E ão cobra dívida
A busca do porrão é intenção
Abraço consternado do pai
No filho pródigo perdoado e a presente felicidade
Que ão começa e nem termina no espaço da paz
A fruição do som, do espaço vazio
O amor que ão dá pitaco, que ão dá pio
A busca do porrão ão tem fim,
Não tem fim nem finalidade
Onde é necessária ão tem, ão tem cidade
A busca do porrão é a beleza,
Nunca perdida da cidade,
Pra além do silêncio do gozo da mulher
Difícil da cidade
Do patrão encaixe neura do torturado
Pralém do trem, do ônibus, do pé inchado
Do patrão encaixe-neura do torturado
Folheado, café-milho misturado
A busca do porrão vai além, além do macacão,
Abraço evangélico, evangélico no tição
Onde ninguém se perde nos dramáticos sete
Não tem traíra, ão tem canivete
Sem traíra, sem canivete, sem traíra e canivete
Encaixe do neura, do torturado
Folheado, café-milho misturado
Além do papo mudo repetido
Além da compreensão,
Além do cabelo reco sem discriminação
O porrão ão se respira,
Não se vende, ão se aplica
O porrão ão se respira,
O porrão é pura pica
A busca do porrão ão tem fim e ão faz barulho