Encosta-te a mim

Jorge Palma
Encosta-te a mim, ós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
ão queiras ver quem eu ão sou, deixa-me chegar.
Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
o fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, ão desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, ão quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que ão vivi, hei-de inventar contigo
sei que ão sei, í s vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que ão está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que ão quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que ão vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que ão sei, í s vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim